Nascido em Budapeste na Hungria em 1900, Ernest Manheim tinha a idade de 102 anos quando faleceu em 2002 na cidade de Kansas – Missouri nos Estados Unidos. Ainda jovem matriculou-se na Academia Militar para a Defesa Húngara Real em Budapeste, ao mesmo tempo, iniciou estudos de Química. Em 1918, ele tornou-se um soldado no exército austro-húngaro.
Após a Primeira Guerra Mundial, Manheim retomou seus estudos na Universidade de Budapeste, onde também estudou filosofia, música e literatura. Entre março e julho de 1919 foi voluntário da República Soviética da Hungria sendo um defensor da causa, foi feito prisioneiro, felizmente conseguiu fugir, o destino escolhido foi Áustria.
Em 1933, Manheim apresentou sua primeira tese sobre Opinião Pública, vale mencionar que a mesma nunca foi publicada em inglês. Considerado como o primeiro filósofo alemão a usar o termo “midiatização” (1932) no sentido da mudança estrutural dos processos de comunicação através da tecnologia de impressão, a moderna imprensa de massas e seus impactos na formação da opinião pública. Ernest entendia a midiatização como um processo que está mudando profundamente a esfera pública baseada em fundamentos com sua observação e experiência.
Em 1932, Ernest foi para Londres juntar-se ao seu famoso primo Karl Mannheim, iniciou os estudos em sociologia e antropologia social passando a ser PhD em antropologia na London School of Economics (com Bronislaw Malinowski como seu supervisor). Em 1937 emigrou para os EUA trabalhando como professor assistente na Universidade de Chicago, onde trabalhou com Ernest W. Burgess. Apenas em 1948 sua carreira como sociólogo foi consolidada, sendo professor titular de Antropologia na Universidade de Kansas City, Missouri.
Quando falamos sobre Opinião Pública, dificilmente não iremos citar Ernest Manhem, e todo legado que ele deixou, podemos citar sobre seu principal estudo intitulado “Os portadores da opinião pública. Estudos sobre a sociologia do público ”(Die Träger der öffentlichen Meinung. Studien zur Soziologie der Öffentlichkeit) o livro aborda sobre entender a mudança da liderança carismática ou tradicional para a racionalização e legitimação política além do feudalismo.
Ao contrário de outros sociólogos da época, Ernest Manheim compartilhava uma visão cética sobre a revolta da democracia liberal como um tipo frágil de legitimação. Contrariando a eles, sua argumentação foi em um nível mais abstrato, incluindo a ética da comunicação geral ele acreditava que as pessoas podem mudar suas opiniões políticas e ir contra as antigas sociedades da direita para a esquerda e vice-versa. As mudanças de opinião devem ser entendidas como baseadas na comunicação midiática e interpessoal.
Sobre sua vida pessoal, Ernest passou boa parte da vida em pesquisa e lecionando, ele casou-se duas vezes, a primeira em 1928, com Anna Sophie Witters, eles tiveram um filho Frank Tibor Manheim. Em 1991, Manheim casou-se com a psicóloga norte-americana Sheelagh Graham Bull 40 anos mais jovem que ele. Dezesseis anos após sua morte, suas teorias, seus estudos ainda continuam sendo lembrados por pesquisadores, que não deixaram o seu legado e suas contribuições para a sociedade serem esquecidas.