Qual a melhor revista científica?
A Revista Observatório apresentou a melhor pontuação na média do “índice H” entre 2021 e 2022 na área de Comunicação e Estudos da Mídia. Os dados resultam de um levantamento realizado pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS).
Não existe, sem embargo, um único manejo para se avaliar a reputação de uma revista científica. A melhor revista científica é a que apresenta impacto e repercussão social comprometendo-se em uma ilesa revisão por pares (peer review) e um sistema transparente de publicações (incluindo taxa de rejeições de artigos). O compromisso com a ciência aberta tem sido uma demanda cada vez mais imperativa dos pesquisadores. Parece não ser ilógico prezar-se pela gratuidade em submissões de publicações científicas e acesso a leitura em idioma nativo e universal (inglês).
Distante das políticas de cobranças para publicação e leitura de artigos, comum nos monopólios editoriais estrangeiros, passou a ser política de estado de alguns países a fomentação de revistas regionais. A pontuação própria por uma autarquia de conselho científico, no caso do Brasil, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), tem sido recorrente em determinadas faixas anuais. A demora no registro destes indicadores levaram a alternativas similares para pontuação de qualificação das revistas científicas. Associações científicas brasileiras já utilizam-se de outros critérios para publicidade dos periódicos compilados por áreas de conhecimento.
Mapeamento dos principais periódicos brasileiros na área de Comunicação e Mídia
A COMPÓS publicou uma lista de periódicos com diferentes formas de se averiguar o impacto e relevância, seguindo a métrica do “índice H” e o “índice H5”, criado pelo Google.
Ernest Manheim Lab apresenta uma visão regional acerca dos dados levantados pela COMPÓS. Facilita visualmente o mapeamento do periódicos brasileiros nas áreas de Comunicação e Mídia. Somou-se as médias do “índice H” aferidos em 2021 e 2022 de cada revista, agrupando em regiões, conforme abaixo:
O estado de São Paulo figura o que mais possui revistas científicas que pontuaram no “índice H” do levantamento feita pela COMPÓS em 2022. A Universidade de São Paulo (USP) e as Pontifícias Universidades Católicas são as que apresentam maior quantidade de periódicos avaliados, respectivamente, 11 e 7. No Nordeste, a Universidade Federal da Paraíba destaca-se com 3 revistas e, no Sul, Rio Grande do Sul lidera com 10 periódicos nas áreas de Comunicação e Mídia.
A Universidade Federal do Tocantins registrou maior destaque da média do “índice H” entre 2021 e 2022. A instituição é mantenedora da Revista Observatório, em parceria com o Grupo de Pesquisa Democracia e Gestão Social (GEDS) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-Tupã). As quinze maiores pontuações do cálculo proposto por Ernest seguem abaixo:
TOP 15 periódicos com maior relevância (índice H 21/22)
Periódico avaliado na área de Comunicação e Mídia | Instituição | ΣiH |
Revista Observatório | UFT | 19 |
RECIIS | FIOCRUZ | 14,5 |
Matrizes | USP | 14 |
Revista Famecos | PUC -RS | 13 |
Galáxia | PUC-SP | 12 |
E-compós | COMPÓS | 11 |
Intercom | INTERCOM | 11 |
Revista Contracampo | UFF | 10 |
Intexto | UFRGS | 9,5 |
Fronteiras | UNISINOS | 9 |
Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación | ALAIC | 8,5 |
Brazilian Journalism Research | SBPJOR | 8,5 |
Revista Eco-pós | UFRJ | 8,5 |
Comunicação, Mídia e Consumo | ESPM | 7,5 |
Comunicação & Sociedade | METODISTA | 7 |
A lista apresentada pode ser modificada e não representa uma pesquisa censitária sobre os periódicos brasileiros da área de Comunicação e Mídia. Conforme o site da COMPÓS, sugestões de acréscimo ou modificação na lista, podem ser enviadas para diretoria.compos[at]gmail.com.
Diferentes agentes como a base de dados Web of Science da ISI/ Thompson Scientific Reuters, índices de grupo editoriais ou de redes sociais para acadêmicos, a exemplo do Research Gate são algumas destas soluções em classificação das “melhores revistas científicas”, tida como a de mais relevante impacto. O projeto de fomento científico do Google, o Google Scholar, replica algumas das formas populares de avaliações de impacto científico, a exemplo do “índice h”, “índice i10” e o criado pela empresa “índice h5”.
O que é índice H?
O índice representa o equilíbrio entre o quantitativo de publicações e a proporção de citações de um determinada revista científica ou pesquisador. O cientista argentino Jorge Eduardo Hirsch, professor de Física na Universidade da Califórnia, elaborou o “índice H” para avaliação qualitativa de sua área de conhecimento. O “índice H” é calculado pela relação entre quantidade de artigos publicados pelos pesquisadores e citações maiores ou iguais a esse número original de publicações. Thomaz, Assad e Moreira (2011) exemplificam:
Por exemplo, quando dizemos que o índice H de um pesquisador é dez, significa que ele tem, pelo menos, dez artigos publicados, cada um deles com, pelo menos, dez citações. Quanto maior o número de artigos de grande interesse publicado pelo pesquisador, maior será o número de citações alcançadas, e maior será seu índice H, refletindo a qualidade acadêmico-científica do pesquisador e sua capacidade produtiva. Entretanto, apenas o número total de artigos, por exemplo, pode mascarar a falta de relevância de cada texto, isoladamente. Podemos assim dizer que o índice H é o resultado do equilíbrio entre o número de publicações e o número de citações.
Thomaz, P. G., Assad, R. S., & Moreira, L. F. P. (2011). Uso do fator de impacto e do índice H para avaliar pesquisadores e publicações. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 96, 90-93.