IBGE e as pesquisas eleitorais

  • 15 de setembro de 2018

A importância dos dados secundários nas pesquisas de opinião

Conhecido por realizar o Censo, que mede a quantidade populacional e o perfil  da população brasileira a cada 10 anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem um papel fundamental na formulação de Pesquisas de Opinião Pública durante o período eleitoral.

O que conhecemos hoje como IBGE, era o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) que foi fundado em 1934 devido a carência de um órgão especializado em coordenar e articular pesquisas estatísticas no Brasil. Porém, as atividades do recém criado INE só começaram oficialmente em 29 de Maio de 1936. Logo depois, no ano seguinte, foi incorporado ao órgão o Conselho Brasileiro de Geografia, e foi a partir desta fusão que nasceu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Desde então, o instituto que está vinculado ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, está presente nos 27 estados da federação, contando com um aparato de 583 agências de Coleta de Dados nos principais municípios de cada Unidade Federativa. Com essa dimensão, o IBGE identifica e analisa cada território, somando a população e mostrando o desenvolvimento da economia por meio do trabalho e da produção dos habitantes, revelando também a realidade de como vivem os brasileiros.

Até aqui, entendemos como esse Instituto conta com uma estrutura necessária para o conhecimento da realidade sócio econômica do maior país da América Latina. Mas, como o IBGE pode se tornar uma peça chave para elaboração das tão utilizadas pesquisas de opinião pública realizadas no período eleitoral?

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil tem 146 milhões de eleitores, não há dúvidas que a quantidade é esmagadora. Mas, com métodos corretos é possível conhecer o pensamento e as tendências do eleitorado brasileiro, e isso é feito por meio das entrevistas com apenas uma parcela desse total de eleitores. Via de regra, as pesquisas são feitas com até 2 mil pessoas.

Primeiramente, os pesquisadores definem uma amostra do grupo a ser pesquisado. No caso do IBOPE, os critérios (variáveis) mais usados são gênero, faixa etária e escolaridade. A partir da definição da amostra é sorteada as cidades onde será aplicado a pesquisa de acordo com os recortes dentro de cada estado definidos pelo IBGE. Além do IBGE, outros institutos como o Datafolha e Ipsos também trabalham com dados secundários provenientes das pesquisas do IBGE.

“As pesquisas de opinião são realizadas por meio de técnicas de amostragem reconhecidas internacionalmente, de modo que a abordagem de apenas uma pequena parcela da população já é suficiente para retratar o todo”

Danilo Cersosimo, diretor do instituto de pesquisas Ipsos.

Exemplo:

Pesquisa eleitoral para Presidência da República pelo IBOPE que será feito com 2.000 pessoas com as seguintes métricas: gêneros masculino e feminino entre 20 e 24 anos. Nesta pesquisa, vale-se considerar os dados do TSE que mostraram que as mulheres representam 52,4% dos eleitores. Então, neste caso, dos 2.000 eleitores pesquisados, 1.048 serão mulheres. As cidades sorteadas foram:
ITAPIPOCA (CE)
Segundo a estimativa populacional (2018) do IBGE, o município tem 128.135 habitantes. Desse total, as mulheres entre 20 e 24 anos totalizam 5.726 habitantes no município. Enquanto os homens com a mesma faixa etária somam 5.981 habitantes.
Nº eleitores pesquisados
Homens: 476
Mulheres: 524
Total: 1000
PIRAÍ (RJ)
O IBGE calculou a estimativa populacional de 2018 em 28.999 habitantes. Ao todo, as mulheres entre 20 e 24 anos totalizam 1.041 habitantes. Enquanto os homens com a mesma faixa etária somam 1.029 habitantes.
Nº eleitores pesquisados
Homens: 476
Mulheres: 524
Total: 1000

Como é possível perceber, os dados censitários estimados pelo IBGE serviram como alicerce para orientar os entrevistadores a cerca dos municípios sorteados para a aplicação da Pesquisa de Opinião Pública. Após a definição das variáveis e o sorteio dos municípios, os entrevistadores são enviados aos chamados “pontos de fluxo” dos respectivos municípios ou percorrem todo o território até preencher todas as entrevistas da pesquisa. Geralmente, a  margem de erro das pesquisas feitas no Brasil variam entre 2% e 4%.

No momento da entrevista, o pesquisador coleta as informações do eleitor que está dentro das variáveis de perfil da pesquisa e depois aplica o questionário com uso de tablete, que permite a localização em tempo real do entrevistador, gravação de entrevistas e checagem das respostas. Ao final da entrevista, as respostas são enviadas para a central de dados.

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